Materiais recicláveis ou não recicláveis devem sempre ser descartados? A resposta é NÃO. Apesar de não ser uma técnica nova, mas muito comum em tempos economicamente incertos, o Upcycling vem ganhando a atenção de pessoas e empresas.
Upcycling nada mais é do que o ato de, utilizando a criatividade, dar um novo e melhor propósito para um material que seria descartado, sem degradar a qualidade e composição do mesmo. Um item que passou pelo upcycle normalmente possui uma qualidade igual ou melhor que a de seu original. A ideia é utilizar materiais existentes que seriam descartados para melhorar os originais. Como existe muito a se aproveitar por aí, a prática vem ganhando milhares de adeptos pelo mundo porque reduz a quantidade de resíduos produzidos que iriam parar por anos em aterros sanitários. Além disso, o upcycling diminui a necessidade de extração de matéria-prima para a construção de novos produtos.
Também chamado de “movimento slow fashion” ou “movimento maker”, o upcycling é uma tendência que surgiu nos anos 90 por uma necessidade de inovação e mudança de comportamento. Apesar da origem antiga, o conceito chegou ao Brasil recentemente e tem grandes chances de ficar.
Muita gente se pergunta se upcycling não é o mesmo que reciclagem. E aqui vai a resposta: Não, não é a mesma coisa que reciclagem. Se for para comparar, é na verdade algo como uma evolução em cima do conceito de reaproveitamento, da continuidade do ciclo de vida do produto. Um não invalida o outro e ambos tem como objetivo tornar o planeta mais sustentável. No processo de reciclagem, existe uma maneira de seguir o ciclo do material, prolongando o mesmo, mas o processo em si envolve produtos químicos. No Upcycling não, pois parte da ressignificação de algo que, aparentemente, não tem mais valor. É a reutilização de um material que se tornaria lixo, aproveitando suas propriedades originais, sem a necessidade de intervenções químicas, além de representar uma alternativa com custo mais baixo.
Alguns materiais tem no upcycling a única opção de sustentabilidade. É o caso do BOPP, um tipo de plástico encontrado em embalagens de salgadinhos, biscoitos, barras de cereais, rótulos de garrafas PET, ovos de páscoa, batata palha e muitos outros. Ele é utilizado por ser leve, fácil de imprimir e laminar. Devido à dificuldade de reciclagem desse material, o upcycling pode ser a melhor forma de reuso.
Seguindo a lista de benefícios do processo de upcycling, o método é o que mais se aproxima do modelo de economia circular, que propõe que os resíduos sirvam de insumo para a produção de novos produtos. Alguns dos motivos para seguir a nova tendência são:
- Rentabilidade: os materiais usados ou pré-existentes custam bem menos do que os já fabricados.
- Criatividade: o upcycling precisa de criatividade para transformar o potencial dos materiais existentes em algo novo, bonito e único.
- Sustentabilidade: evita que resíduos se acumulem em aterros sanitários, além de reutilizar o material para produtos novos, sem o uso abusivo de água e energia, como seria para fazer algo do zero.
Além de ecologicamente correto, o upcycling acaba sendo uma grande oportunidade de negócio. Algumas marcas de roupas, como a Cavalera, já lançaram linhas de roupas e acessórios feitos com materiais de reuso (sacos de cimento, por exemplo) e alguns artesãos já fazem joias com cápsulas de café usadas. Além disso, a prática já chegou nas universidades de Londres.
A London College of Fashion tem, desde 2007, um setor que estuda o upcycling como uma das alternativas para o mundo da moda. O Studio Bike Furniture Design, de Michigan, nos Estados Unidos, transforma peças de bicicleta em móveis modernos e irreverentes. Já a empresa americana TerraCycle, presente no Brasil desde 2010, aposta no upcycling como modelo de produção e já coletou mais de três bilhões de resíduos em todo o mundo, reutilizando tudo isso para criar bolsas, guarda-chuvas, cadernos, entre outros produtos verdes.
Em tese e na prática, upcycling não é tendência. É uma nova forma de produção e consumo com evoluções benéficas para o meio ambiente e para o consumidor final, e, ao que tudo indica, veio para ficar.
Fontes: SEBRAE
medium.com
ecycle.com.br
Revista Claudia